Blade Runner 2 – Vale a pena mexer?
Conforme já foi amplamente divulgado durante a semana, Ridley Scott vai dirigir uma sequência do clássico “Blade Runner – O Caçador de Androides” (1982) estrelado por Harrison Ford. A notÃcia pegou todos de surpresa e vem causando euforia (e frio na espinha) nos aficionados do clássico oitentista.
Para os mais desavisados, Blade Runner é um daqueles raros casos onde um roteiro de ficção cientifica consegue atingir alguma profundidade, e neste caso, até mesmo uma certa pretensão filosófica. Por esta combinação, o filme rende uma comoção parecida com a de Star Wars – fãs de todo mundo criam debates polêmicos acerca do enredo original (adaptado do best-seller “Do Androids Dream of Electric Sheep?” de Philip K. Dick).
Um dos motivos do sucesso de Blade Runner é seu final aberto, com “furos interpretativos” feitos na medida, para o telespectador tirar suas próprias conclusões e sentir-se atraÃdo em levantar suas próprias hipóteses.
Produzindo uma continuação, Ridley Scott não coloca em jogo apenas o segundo filme, como também corre sérios riscos de arranhar toda atmosfera criada pelo original.
Nem toda cortina deve ser derrubada, e isto fica muito claro se tomarmos como exemplo outros roteiros de ficção cientifica, como Lost e Evangelion. No caso de Evangelion, a cada final que o autor é “obrigado” a improvisar, alguma coisa da obra original se perde. Já no caso de Lost, a medida que o cerco do enigma foi se fechando para explicações lógicas, a série foi debandando para o infame.
Como exemplo mais otimista podemos citar Star Wars, que conseguiu alinhar perfeitamente suas continuações modernas com a cultuada trilogia dos anos 70. Quem sabe Harrison Ford não dá a mesma sorte ficando novamente de fora dos sets de filmagens (como já anunciou que fará com Blade Runner 2)? Cruzem os dedos.