Anime ou Mangá, qual é o melhor afinal?
Definitivamente essa pergunta traz uma resposta difÃcil e controversa, apoiada em muita subjetividade.
Analisando ambos, é fácil notar que são duas mÃdias diferentes, que funcionam de maneiras diferentes. Enquanto um mangá, que é um quadrinho, tem muito menos foco no movimento e mais no texto e na arte em si, uma anime tem maior foco no trabalho de animação e fidelização de conteúdo. Geralmente animes são adaptações de obras em mangá para a TV (mas não é assim em 100% dos casos). Ambos já foram mais populares e estiveram mais “vivos” na cultura pop mundial, mas atualmente sofrem da falta de conteúdo novo e de uma mudança brusca em seus formatos.
Puristas diriam que mangás sempre serão melhores que suas contrapartes animadas, mas talvez seja uma opinião presa em muito preconceito e conservadorismo. Como escrito anteriormente, são mÃdias diferentes, logo, funcionam diferente uma da outra. Recordo-me de dois grandes exemplos onde o anime supera de longe o mangá: Rurouni Kenshin (somente o arco do Shishio) e a primeira temporada de Pokémon. Com Kenshin, o anime é uma adaptação fiel e bem transcrita para TV. Já com Pokémon, não havia mangá, sendo este produzido posteriormente, com uma história e focos diferentes do desenho (apesar de usar praticamente os mesmos personagens).
É fácil afirmar que um anime é melhor devido ao fato de ser animado e você poder ver aquela cena que era somente imaginada através da ilusão de movimento dada pelo autor no mangá, mas não é somente isso que torna certas animações melhores que suas obras originais (ou obras alternativas, como no caso de Pokémon); há também o trabalho de dublagem, o trabalho de identidade visual (afinal de contas, mangá é preto e branco, animes são coloridos), a trilha sonora e a adaptação ao formato. Certas coisas funcionam bem no papel, mas nem tanto na TV.
Não afirmo, entretanto, que animes sejam melhores que mangás. É apenas uma questão de qualidade de transcrição. Quando há uma boa obra em mangá que é bem transcrita para o formato televisivo tem-se então um anime melhor que o mangá. Já quando a transcrição é ruim, ou sofre de problemas como recursos limitados ou tempo curto para produção dos episódios, aà temos animes ruins de, à s vezes, bons mangás. Vários mangás pilares da Shonen Jump, como Naruto, Bleach e Dragon Ball Z sofreram desses males. Nem tanto no aspecto do recurso, mas no problema temporal. Como são mangás longos e populares, suas versões animadas tiveram que ser apressadas e lançadas enquanto o mangá ainda estava sendo concluÃdo. Isso gera vários fillers de conteúdo pobre (ou no mÃnimo duvidoso) e enrolação em episódios padrões (quem não se lembra de Namekusei que explodiria em 5 minutos, e estes minutos duraram cerca de 15 episódios?).
Fillers, entretanto, nem sempre são ruins. A própria serie do Toriyama, assim como Naruto e Saint Seiya viram alguns bons fillers. Em Naruto existe todo um arco dedicado ao portador do demônio de seis caudas, um filler que expande a mitologia da série. Dragon Ball (e Dragon Ball Z) tem alguns fillers educativos (como um episódio dedicado ao corpo de bombeiros) e episódios puramente cômicos e desconexos do resto da série. Já Saint Seiya tem todo o arco de Asgard que alguns fãs odeiam e outros adoram. O arco em si não é realmente ruim, apenas peca em comparação com o resto do enredo. Porém, novamente, expande a mitologia e o universo da obra original.
Em alguns casos têm-se um anime totalmente diferente do mangá, como em Fullmetal Alchemist (a primeira série). Têm-se também casos onde a animação é o trabalho original, como Tenchi-Muyo!, que foi lançado primeiramente no formato OVA e Samurai Champloo, de Shinichiro Watanabe, que não possui obra em quadrinhos. Há também o caso de mangás que expandem o universo da obra original, como Episode G e Lost Canvas (ambos de Saint Seiya), Great Teacher Onizuka (GTO) e Cowboy Bebop. No geral, tive ótimas leituras com mangás complementares, e mesmo Lost Canvas (um mangá que não gosto muito) ainda consegue expandir a série de maneira interessante e revigorante.
Pessoalmente, sou um grande fã de shonen mangá, e prefiro as adaptações animadas bem construÃdas, pois é possÃvel ver as lutas realmente bem animadas e coreografadas, com cor, motion blur e emoção. Bons exemplos disso podem ser encontrados nos primeiros 60 episódios de Naruto ou em toda a série Fullmetal Alchemist Brotherhood, também em Hunter X Hunter (tanto a série antiga quanto a nova). Além disso, é sempre bom ver uma animação bem produzida. Mas não gosto quando censuram alguma cena ou fazem arcos de filler com roteiros de baixa qualidade. Infelizmente, serão males constantes na indústria enquanto houverem mangás eternos (como Hunter X Hunter ou One Piece) e a necessidade de capÃtulos semanais na TV.
Finalizando, creio que a minha resposta para essa pergunta é: “Depende“.
Depende de qual é a obra original (anime, jogo ou mangá), qual o propósito da animação (ser fiel ou não à  obra original) e da qualidade da mesma. Mangás tem personalidade, pois o autor está diretamente envolvido no processo de criação e desenvolvimento. Já em alguns animes o autor trabalha apenas como consultor e, às vezes, nem isso. Mas enquanto existirem animações como Akira e estúdios como a Mad House e Ghibli, sempre poderemos ser felizes com obras de qualidade, seja em roteiro ou animação.
Qual é a resposta de vocês?
Game designer, designer gráfico, pesquisador em semiótica. Adora video games, tanto antigos quanto novos, e cresceu jogando e estudando estes games. Devido à influência da comunidade japonesa local, aprendeu a gostar de mangás e animes, e a não achar a lÃngua japonesa alienÃgena (ter estudado o idioma talvez tenha ajudado). Não consegue trabalhar sem uma trilha sonora pra acompanhar.